Maria Inês
- asduarte79
- 13 de set. de 2016
- 4 min de leitura
E a nossa pequena nasceu às 39 semanas de gestação... no dia 11 de Setembro no hospital em Enschede, com 50 cm e 2820g, com uma grande cabeleira negra e uns olhos que me fizeram derreter e apaixonar. Não há palavras que descrevam o turbilhão de emoções que vivemos nos últimos dias. O cansaço ainda é (e provavelmente continuará a ser) muito, mas não queria deixar de registar esta enorme experiência e partilhá-la com vocês. Para aqueles que tiverem pachorra para ler ;)

No dia 10 de Setembro de manhã (3 dias depois de perder o rolhão mucoso) comecei a perder liquido amniótico. Tinha intenções de ir ao mercado nessa manhã, já não fui. Disse ao André que fosse e comprasse fruta fresca, legumes e pão, porque estava a chegar a hora...
Comecei a perder liquido de manhã e manteve-se assim até à hora dela nascer. Não tive uma ruptura repentina e única da bolsa, apenas perda de liquido. Andei sempre de um lado para o outro como me tinham dito... para não pensar muito... As contrações chegaram à tarde, por volta das 15.30h. Chegaram de forma "light" como se se tratassem de dores menstruais. Deitei-me finalmente a descansar e a ver o Narcos et voila... passado menos de 1 hora as dores começaram "à séria". Não eram as típicas contracções (como soube mais tarde), porque a barriga não estava "rija", mas eram dores nas costas horrendas, que foram aumentando gradualmente e encurando no tempo até serem quase insuportáveis.
A partir da tarde a midwife foi ver-me a casa pelo menos umas 3 vezes. Por aqui as coisas funcionam dessa maneira - não te diriges ao hospital, mas a midwife vê-te em casa até "ser hora". Finalmente às 5h da manhã as dores eram demasiado fortes e constantes para continuar a esperar pelas "contracções à séria". Decidimos diriigir-nos ao hospital e recorrer à epidural. A partir dessa altura deixei de ser seguida pela midwife, mas pela equipa clínica do hospital.
Passadas 2 horas de análise sobre o meu estado e o da bebé, deram-me finalmente a epidural, Santa epidural! Tudo ía ser fácil e rápido a partir daí pensámos nós... Infelizmente não foi assim... como tinham passado 24h depois de começar a perder liquido, havia risco de infecção para a bebé e para mim. Tudo tinha que ser feito com muito cuidado. Foram realizados exames para saber se tanto eu como a bebé estavamos bem. Os exames repetiram-se. Tudo parecia estar bem, no entanto, o tempo passava e a dilatação nunca passou dos 5cm. As contracções (depois de estimuladas com hormonas) acabaram por não ser "suficientes". O ritmo do batimento cardiaco da bebé era muito irregular e a estimulação fazia com que ficasse pior... Às 14h do dia 11 não havia como adiar mais... a cesariana era agora a única solução. Mais uma dose de epidural. Deixei de sentir toda a parte debaixo do meu corpo. Vou para a sala de cirurgias. Os 25 minutos que durou a cirurgia foram dos mais complicados que possa recordar. Foi tudo muito rápido, feito de forma humana e profissional ao mesmo tempo, mas infelizmente eu "colapsei". Sofri um enorme ataque de pânico e só com muita ajuda (e força de braços do André e de um dos "anjos" que me assistiram) me aguentei.
Tenho que salientar que durante todo este tempo estive acompanhada pelo André e por uma equipa da qual NADA tenho a apontar, apenas tenho que deixar o meu mais sincero "obrigada" (sobretudo ao enfermeiro que me segurou a mão o tempo todo durante o nascimento da pequena). Estivemos depois 30 minutos na sala de recuperação ainda comigo a tremer como varas verdes e a dizer coisas sem grande sentido. Finalmente fomos para o quarto (onde me encontro até agora com a minha pequena). Não há palavras para expressar o que sentimos quando a vimos (primeiro na sala de cirurgias e depois no quarto).
Muitas lágrimas, muitas emoções, uma tremenda felicidade. Não vou dizer a frase "cliché" "valeu tudo a pena". Não, foi duro e emocionalmente posso dizer que nunca estamos preparados para algumas coisas... Mas olhar a nossa filha e amá-la foi o mais fácil dos sentimentos que senti, de tão natural que é... Por prevenção, e porque a bebé sofre um mais forte risco de infecção depois do que se passou, vai ficar no hospital por 8 dias. Eu, claro, fico com ela no "nosso quarto". Podemos estar aqui os 3 calmamente, enquanto somos acompanhados e temos a certeza de que, aos poucos, tudo fica bem. Como disse antes, só tenho a agradecer à fantástica equipa que nos tem seguido no hospital (a mim e a ela sobretudo). São, sem dúvida, mais do que profissionais, são pessoas que dão todos os dias imenso de si, que nos ensinam, que nos dão pequenos mimos, que nos ajudam nas pequenas coisas... E obrigada também a todos aqueles que nos têm acompanhado desse lado, com mensagens, com telefonemas, com conselhos... somos muito gratos por tudo :)
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