Ah saudades de Lisboa

Ah saudades de Lisboa!

Saudades de Lisboa nesta altura do ano. Saudades das luzes, do cheiro das castanhas e do bolo rei a sair quente da Confeitaria Nacional. Saudades do fado que se ouve no Chiado, dos miradouros e das vistas sobre o Tejo. Saudades do Rossio e do Castelo.

Saudades dos tempos que lá passei, das vezes que dei a mão ao meu avó ao chegar ao cinema São Jorge, perante o entusiasmo de ver por mais uma vez o filme de sempre. Lembranças... da primeira vez que subi com ele as escadas rolantes na estação do Rossio. Lembranças, saudades. Saudades das vezes que passámos na rua dos Bacalhoeiros e senti o cheiro intenso a tudo o que hoje são saudades e também sorrisos. Lembro-me de cada loja, de cada montra. A papelaria do vizinho do prédio; a montra com as cobras “gigantes”, a pastelaria com esculturas feitas de pão; os souvenires de Portugal na loja do lado e o bacalhau e os figos secos embrulhados em papel grosso na outra.

Tudo parece enorme aos olhos de uma criança e assim se mantém até hoje. Cada doce momento.

Saudades da Lisboa do meu pai, das montras que criou e me mostrou com orgulho, do Eduardinho e dos lombinhos que com ele provei pela primeira vez. Saudades de vermos as luzes de Natal e das compras com a minha mãe. Das visitas guiadas que fiz pelo Bairro da Mouraria. Do riso das crianças e da sua cara de espanto perante um qualquer pormenor.

Para mim será sempre a cidade mais bonita. Porque na realidade o é. Porque também guardo comigo as melhores das recordações.

Ai saudades, ai inquietação inquietação...