Para mim o Natal sempre teve início em Dezembro

O primeiro fim de semana era destinado a decorar a árvore de Natal e a fazer o presépio. Não sou crente. É mesmo aquele falso moralismo de “ser bonito, ser tradição”. Cresci com este costume. Lembro-me do meu pai (o sempre perfeccionista sr. Jaime) confirmar se as luzes que enfeitavam a árvore estavam a funcionar e de reparar aquelas que não estavam. Na árvore as bolas e as pinhas eram de várias cores, assim como as fitas. Às vezes pendurávamos também chocolates. Os presentes eram colocados debaixo da árvore e abertos apenas depois da meia noite do dia 24 (nem um minuto antes). Estes são alguns dos motivos porque gosto do Natal, porque me trazem recordações que me fazem sorrir.

Quando passámos a ser dois e uma casa, seguimos a tradição (com menos um ou mais outro pormenor). A nossa primeira árvore de Natal era branca e as bolas douradas. Lembro-me que não tinhamos muito dinheiro nesse ano, mas tinha que existir uma árvore. Comprámos uma das mais baratas... mas para nós igualmente bonita. O musgo era apanhado em Montejunto ou nos Cucos e colocado no presépio, junto com as imagens que herdei do presépio de casa dos meus pais.

Também a véspera de Natal passou a ser diferente. Durante os meus primeiros anos de vida, lembro-me dos Natais com muita gente, com os pais, avós, primas. Para mim o Natal é isto... mesa cheia de gente, de sabores, de cheiros, de piadas e de conversas que se repetem. Depois... bem, depois até as famílias mais pequenas têm as suas quezílias. O Natal ficou mais silencioso – eu, os meus pais e o meu avô António. Mas nem por isso ficou com menos significado. Acho mesmo que ficou mais verdadeiro, pelo menos, de certo, carregado de amor. Com a partida do meu avô... bem, as tradições mantiveram-se mas, pelo menos para mim, o silêncio era demasiado. E há (haverá sempre) um pouco de vazio que fica por preencher.

Quando o A. entrou na minha vida , além de tudo o resto, também o Natal ganhou de novo outro significado. Nenhum sentimento apaga outro, mas alguns sentimentos enchem a alma. As famílias juntaram-se, a mesa passou a estar cheia de novo, as piadas, as conversas deram de novo mais cor ao nosso Natal.

Sim, para mim o Natal sempre teve início em Dezembro, no dia em que decoramos a árvore de Natal e fazemos o presépio. Mas este ano, os quilómetros de distância e os dias que ainda contamos até às “férias”, fizeram-me desejar o Natal mais cedo. A saudade fez-me antecipar as decorações e, por isso, este fim de semana surgiram os primeiros pormenores natalícios. Esta semana, iremos comprar a árvore. Pequena, mas simbólica. São pequenas coisas, como estas, que me mantêm mais próxima daqueles que amo, que estão longe e de quem sentimos falta.

E por isso mesmo... Feliz Natal (antecipado)!